Bosque - Passage

Bosque é um dos projectos musicais mais interessantes feitos em Portugal e arredores, este projecto iniciou-se em 2005 quando DM (compositor/músico da banda) sentiu a necessidade de criar a música que queria ouvir onde “inserisse” os seus sentimentos. O ano de 2009 já prometia ser grande para esta “one man band”, depois da Demo “Erasure” e de um Split com gregos Lotus Circle, é lançado, assim, o primeiro longa-duração, intitulado “Passage”. É um trabalho único de Funeral Doom Metal, muito lento e arrepiante, algures entre os Tyranny e os Sunn O))), mas a primeira referência que me ocorre são mesmo os Sunn O))), este álbum tem a particularidade de puxar para um Atmospheric Depressive Black Metal, sendo muito sentimental, sufocante e longínquo. Foi editado e distribuído pela Total Holocaust Records, uma editora/distribuidora sueca de Doom/Black Metal e afins, em 2010 o álbum saiu em cassete limitada a 200 cópias, edição esta a cargo da Dunkelheit Produktionen.

O álbum é constituído por 4 temas lentos, densos e obscuros com 45 minutos no total, tem um ambiente único e super hipnótico, quem ouvir isto com as colunas bem alto sabe daquilo que estou a falar. Em relação à capa: combina muito bem com a sonoridade do álbum, é uma capa brilhante e fria, mas ao mesmo tempo, acaba por ser sombria, repare-se também, no logótipo que é bastante sensorial, decadente e desvanecido. Bosque é uma maré de sentimentos, e não é preciso estar sob efeito de qualquer substância alucinogéna para entrarem nesta “tortura lenta”, é só fechar os olhos, descontrair (ou  não) e absorver a música por completo.

As vozes variam muito, algumas vezes são vozes lentas e destroçadas, cheias de amargura e sofrimento, outra vezes, vozes angelicais que recitam qualquer coisa, as guitarras são cheias de distorção e com riffs curtos. Temos também, algumas partes como na “Erasure” e na “Behind” que são acústicas, com melodias de guitarra surpreendentes, e lá ao longe, ouvem-se umas vozes que nem se sabe o que é devido ao sofrimento e hipnose que este tipo de sonoridade nos transporta, a bateria ouve-se pouco, mas tem o seu papel marcante. “Fields Of Light” é uma música um pouco mais grave, com uma bateria leve e no longínquo, ouvem-se umas vozes divinas que preenchem este vazio. A última música “Candles” é extremamente atmosférica, acaba por criar uma “paisagem”, muito desoladora e ao mesmo tempo arrepiante.

Na minha opinião, este é álbum é um clássico, e espero que surjam mais como este, Bosque é dos melhores projectos de Funeral/Drone Doom que ouvi nos últimos anos, acho que ainda não foi dado o valor devido/merecido a este trabalho, também não é qualquer um que o consegue ouvir e absorver, mas que há aqui muito talento, é a pura das verdades. Acho que só daqui a uns anos é que vai ter o devido valor, altamente aconselhável para fãs de Sunn O))) e para este tipo de sonoridades, um lançamento que vai ficar para a história da música extrema nacional, merece um lançamento em vinil. Inovação acima de tudo!