segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Heavenwood - Swallow

Os Heavenwood são muito provavelmente a melhor banda portuguesa de sempre, formaram-se em finais de 1992 sob o nome de Necrocide, em 1994 mudaram o nome para Disgorged e em 1996 mudaram para Heavenwood e no mesmo ano lançam o carismático e aclamado “Diva”, editado pela editora alemã Massacre Records, o álbum tinha naquela altura um som inovador, completamente novo e vinha de Portugal. Estes senhores tiveram de tudo para se tornarem grandes, depois de Tarantula e Moonspell, foram a banda portuguesa a despertar mais atenção lá fora. Com o contrato com a Massacre Records e com o lançamento de “Diva” aventuram-se em digressões europeias ao lado dos Atrocity, In Flames e outras bandas, recebendo excelentes reacções. Em 1998 lançam o segundo álbum “Swallow”, ainda mais diversificado em que a voz Death já não era tão comum como no “Diva”, com uma presença bem acentuada do piano, e destacar também as vozes convidadas: Liv Kristine e Kai Hansen. Tudo estava previsto para serem os próximos Moonspell, até que começa a surgir o silêncio: instabilidade na formação, problemas com a editora, etc. Em 2008 os Heavenwood lançam “Redemption”, um álbum mais Goth Rock que seria a sucessão lógica do “Swallow”, mas que deveria ser lançado naquela altura, finais dos anos 90, aí, iria ser uma explosão de sucesso fenomenal…

Desta vez vou falar do fantástico “Swallow” lançado em 1998. Foi um álbum muito marcante, criativo, com uma qualidade excelente, um álbum soberbo que merece estar em qualquer colecção de apreciadores de bom Metal. A voz (guturais) de Ernesto Guerra, os bons ritmos e riffs de guitarra de Ricardo Dias (também vocais limpos), os sintetizadores e o piano espectacular de João Soares, assim como a bateria de Dave Jr. fazem deste álbum algo de único, com grandes construções melódicas muito fáceis de ouvir e assimilar, criando um som irresistível, em que chega a um certo ponto que só nos apetece ouvir e cantar sem parar, os exemplos disso que me ocorrem neste momento são a “Rain Of July” e a “Luna”, esta última conta com a participação de Kai Hansen dos Gamma Ray/Helloween.

“Heartquake” é a música ideal para iniciar o álbum, com uma melodia muito boa, onde o uso dos sintetizadores é discreto, a voz limpa de Ricardo Dias é fabulosa, a letra também é muito boa, onde o amor, a tristeza, a perda e o sofrimento são os temas mais vezes usados “I can't understand / Why you turn around / I can't understand / Why you bring me down”. “Soulsister” é um tema que varia entre os guturais e a voz limpa, guitarras distorcidas e melodias acústicas calmas (nomeadamente quase no final), e um grande destaque para o piano, que é fenomenal. “Rain Of July” é um autêntico clássico, começa com o som da chuva e trovoada, que rapidamente é tapado pelo som do piano, um piano altamente possuidor que segundos à frente é acompanhado com uma dupla de guitarras incrível com mudanças de ritmo muito boas, a voz de Ernesto é áspera, típica do Gothic Metal, com excepção do refrão, em que a voz é limpa, o refrão é bastante perspicaz, possui qualquer pessoa, é um refrão que nunca se esquece: de uma música inesquecível, uma das melhores músicas feitas em Portugal até aos nossos dias. 

“Suicidal Letters” e “Shadowflower” são dois temas excelentes, oferecem-nos um Gothic Metal com uma qualidade do mais alto que pode existir, com ambientes melancólicos espectaculares a juntar às vozes únicas de Ernesto e Ricardo. “Luna” é um destaque absoluto, depois do começo calmo, com guitarras limpas e um ritmo Doom, a voz de Ernesto junta-se à de Kai Hansen num dueto espectacular, épico e único, de referir também o solo de guitarra fantástico a meio da música. Este clássico não podia acabar melhor, de forma calma, temos a impressionante “Downcast” com a participação especial de Liv Kristine (na altura dos Theatre Of Tragedy) e também de Kai Hansen, com a sua grande voz de Power Metal, desta vez como backing vocals. O início é lento e suave, com uma melodia linda de guitarra e um piano espectacular a acompanhar, a dinâmica da música muda rapidamente, quando somos atingidos por um “trovão” cheio de raiva e desespero, com os guturais de Ernesto e órgão fantasmagórico e fabuloso acompanhar. É a melhor forma de acabar o álbum.

Repito: os Heavenwood são muito provavelmente a melhor banda portuguesa de sempre (na minha opinião claro), para o provar, é só ouvir este clássico, e realmente, é pena que as coisas não lhes tenham corrido como deveriam correr ao longo dos anos, tenho a certeza que ainda vão “renascer” para se tornarem numa das melhores bandas do mundo!

4 comentários:

  1. "Os Heavenwood são muito provavelmente a melhor banda portuguesa de sempre,"
    parei de ler aqui. se queres apresentar uma banda, usa critérios que sejam imparciais. É a tua opinião, porque Portugal tem bandas tão boas ou melhores que Heavenwood, se eu fosse a apresentar as bandas que conheço como sendo a melhor banda x país, tava bem tramado...
    só uma opinião...

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  2. Se Portugal tivesse bandas tão boas ou melhores que esses gajos porque não assinam por editoras estrangeiras, editam internacionalmente os seus discos, e são falados em todo o mundo ? Será que essas bandas são tão boas assim ? Eis a questão. Claro que é só a minha opinião.

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  3. Bem na minha opinião, um blog consiste em publicar artigos de opinião. E as opiniões não têm que ser imparciais. Podemos concordar ou discordar com elas, mas isso é outra história.
    Agora, dizer que "os Heavenwood são muito provavelmente a melhor banda portuguesa de sempre", é tão válido como qualquer outra qualquer. Não quer dizer que não existam outras bandas igualmente boas ou melhores ainda, mas é uma opinião.

    Aproveito para felicitá-lo pelo seu blog João, tomara muita gente ter a capacidade para escrever sobre álbuns e bandas como você faz. É um blog que vou continuar a seguir atentamente.
    Cumprimentos

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  4. Lee, tens razão, é a minha opinião ;)
    Digo o que quiser...

    Deception Circus, Portugal tem bandas muito boas, não são só os Heavenwood e Moonspell que têm editora estrangeira... Mas é difícil arranjar uma editora estrangeira de grande nível, e olha que a nova dos Heavenwood, a Listenable Records, é muito boa, acho que com esta editora eles vão "renascer"!

    Lautiripse, Obrigado!!!

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