Oriundos de Vila Nova De Gaia e inicialmente formados por José Barbosa (bateria), Marco Rui Lemos (guitarra), Ricardo Dias (guitarra), João Soares (teclas), Bruno Silva (baixo) e Ernesto Guerra (voz), os Heavenwood surgiram no Porto após a dissolução dos Disgorged em 1992, quando o baixista deste anterior projecto se suicidou. Mudaram de designação e assinaram pela Massacre Records, alterando o seu anterior som de Death Metal para uma sonoridade mais Gothic Metal mas sem perder aquele Death que sempre os caracterizou, ao estilo dos Moonspell ou Paradise Lost. Durante a duração do contrato com a editora alemã conseguiram atingir um estatuto sedimentado, que lhes proporcionou fazer duas tournés bem sucedidas pela Europa, em conjunto com bandas como Atrocity, In Flames, Theatre Of Tragedy e Lake Of Tears. Também fizeram de banda suporte de projectos já mais conhecidos neste género musical, como Cradle Of Filth, Moonspell ou Genocide. Em 1997, o álbum “Diva” foi editado no Japão através do selo Marquee Belle Epoque Records. No ano seguinte editam “Swallow”, tendo sido considerados banda sensação por diversas publicações especializadas europeias.
Entre 2001 e 2003 estiveram inactivos devido ao desaparecimento misterioso de Ernesto Guerra. Trabalharam então em oito novos temas já com Ricardo Dias na voz, apontando para uma diferente direcção musical. Finalmente em 2003, o anterior vocalista reaparece e junta-se-lhes um novo baixista, Fitti Romão. O terceiro álbum surgirá de seguida com um som mais Gothic Rock, o que provocará um conflito com os desejos da sua editora. Depois de cerca de uma década no limbo reaparecerão já em 2008 com a edição de “Redemption” através da portuguesa Recital Records, e com uma formação minimal: Ernesto Guerra (voz), Ricardo Dias (guitarra, voz) e Bruno Silva (guitarra). Em 2010 assinam contrato com a Listenable Records e em Março de 2011 lançam o quarto longa-duração “Abyss Masterpiece”, que teve direito a uma edição própria para os Estados Unidos Da América através da eOne Distribution.
Neste novo álbum os Heavenwood brindam-nos com uma sonoridade um pouco diferente dos álbuns anteriores mas sempre com aquele toque especial que sempre os caracterizou. É um álbum que peca apenas por deixarem bem evidentes as suas influências, mas diga-se desde já que este é um sério candidato a álbum do ano, tudo aqui é levado ao mais pequeno pormenor, muitas vezes o mínimo som de um certo instrumento desta bela orquestra faz toda a diferença para as emoções que cada tema cria. “Abyss Masterpiece” é um trabalho diferente de todos os outros lançados anteriormente, marcado (como já disse) pela presença de uma orquestra liderada pelo orquestrador russo Dominic Joutsen. O álbum foi produzido por Kristian Khole nos Kohlekeller Studios em Seeheim, na Alemanha em Dezembro de 2010. O artwork foi desenhado por Matthew Vickerstaff.
Como os próprios dizem, podemos considerar a sonoridade do álbum como Dark Melodic Metal, com a atmosfera Gothic/Death Metal que sempre caracterizou os Heavenwood, agora com uma orquestra fenomenal que cria uma ambiência negra e complexa a lembrar uns Dimmu Borgir. São 12 temas cheios de qualidade e peca apenas pelo grande contraste entre grandes obras de arte e outras músicas menos conseguidas, nomeadamente na parte final do álbum, os clássicos que a banda foi capaz de produzir aqui, muito deles, são capazes de fazer “frente” ao que se faz no mundo inteiro dentro do género, ultrapassando muitas bandas mais bem conceituadas.
O álbum começa da melhor maneira, com aquela que para mim a melhor faixa do álbum e que já andava a ser tocada ao vivo, a poderosa “The Arcadia Order”, com uma orquestra memorável e triunfal que se faz sentir cada vez com mais força que dá lugar a uns riffs de guitarra espantosos e aos guturais incríveis e inconfundíveis de Ernesto Guerra, destaque para o refrão “The Arcadia Order / Once a fairytale” e para o solo de Ricardo Dias na parte final da música. “Morning Glory Clouds (In Manus Tuas Domine)” é outro grande tema, uma música bastante melódica com um coro feminino inicial e com um refrão demolidor, que não passa despercebido a ninguém, cantado em dueto: voz gutural e voz limpa “As we delay one day for the morning glory clouds / As we remain in pain for the morning glory clouds”. Um tema que também gostei muito foi a terceira faixa “Goddess Presiding Over Solitude”, uma música bastante pesada, de carácter progressivo e com uns bons riffs de guitarra, embora pudessem ter sido mais bem trabalhados, é também um tema onde se destaca (mais) o grande trabalho de bateria de Daniel Cardoso.
“Once A Burden” é uma faixa mais lenta, com uma letra dramática, triste e melancólica, como os Heavenwood faziam no final dos anos 90, uma música muito emotiva e muito bem trabalha a nível gutural e orquestral e com um solo de guitarra fabuloso. “Winter Slave” é um tema com uma entrada absolutamente majestosa, com várias mudanças de ritmo, onde mais uma vez os guturais, a orquestra (principalmente naquela parte dos violinos) e a bateria se distinguem pela positiva, no final ainda somos brindados com uma parte inicial à do início, com uma parte de guitarra acústica adicionada. “Leonor” é um tema muito poderoso, brilhante e forte, que me chamou bastante à atenção desde a primeira audição, conta com participação de Miriam Renvåg (Ram-Zet), com uma voz feminina espectacular que imediatamente é “atacada” por uma composição instrumental pesada, melódica e lenta, no fim, ainda podemos ouvir (em dueto) Ernesto e Miriam, “the beauty and the best” que funciona aqui na perfeição.
“Poem For Matilde” é um tema que cresce com o número de audições, caracterizado por uma orquestra de fundo bem grave e pela voz, nem limpa, nem gutural, um pouco dos dois, ao estilo de algumas músicas do “Redemption”, destaque para mais um grande solo de Ricardo Dias e para o refrão, que se deixa desvanecer na parte final, como se fosse uma despedida… “Fading Sun” é um dos temas que referi que não estão ao nível dos outro, assim como a “Sudden Scars” e a “Like Yesterday”. Já a “September Blood” é uma das melhores de todo o álbum, é rápida e melódica, com uma composição musical do mais alto nível, com uns guturais e um refrão que remontam aos tempos do “Swallow” e do recente “Redemption”, desta vez com uma orquestra memorável a acompanhar, a juntar à voz de Ernesto e Ricardo, mais uma vez em dueto. “Her Lament” é a cereja no topo do bolo, uma faixa instrumental clássica, muito bem construída, para terminar a obra-prima do abismo.
Como referi, tudo aqui é levado a sério, “Abyss Masterpiece” é mesmo uma obra de arte do abismo, a aposta nos arranjos orquestrais revela-se aqui um elemento chave para toda a atmosfera e ambiente criados no álbum. Um álbum com uma produção fantástica, do mais alto nível, que superou todas as expectativas, vê-se bem pelo que o álbum anda a dar que falar. Apesar de ter falado das músicas, não é possível descreve-las a 100%, porque é impossível. São quase 20 anos de experiência, maturidade, técnica e talento. Com uma editora destas e com o sucesso que o álbum está a ter, os Heavenwood têm de tudo para ser “grandes”, outra vez!
Na minha opinião esta simplesmente fantastico, há ja muito que um album de heavenwood não me entrava tão bem no ouvido... Estou viciado... Ha algo de especial aqui... Fico a espera de um concerto para ver como isto fica ao vivo!!!!
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