Corria o gelado Inverno de 1984 quando o guitarrista/vocalista Euronymous (nascido Øystein Aarseth), o baixista Necrobutcher (Jørn Stubberud) e o baterista Manheim (Kjetil Manheim) formaram os Mayhem em Oslo, na Noruega, inspirados por algumas das bandas mais negras que o Metal tinha para oferecer na altura: Bathory, Venom, Celtic Frost e Slayer. O primeiro impacto com o underground deu-se dois anos depois, com a maqueta “Pure Fucking Armageddon”, uma descarga de ruído necro que ainda hoje é vista como um dos clássicos da música extrema.
Na altura, a vaga original do Black Metal estava a perder terreno, com o imaginário obscuro, os picos, o corpse paint e as correntes a serem substituídos pela imagem mais urbana do Death Metal e do Grindcore, mas Euronymous e companhia mantiveram-se fiéis e puristas, gravando - já com o vocalista Maniac (Sven Erik Kristiansen) a bordo depois de um breve período com Messiah (Eirik Nordheim) no microfone - a sua estreia a sério. “Deathcrush”, auto-editado por Euronymous com selo Posercorpse Music, é mais um EP que um álbum, mas ninguém pode negar que os seus 17 minutos e meio são ainda mais agonizantes que a gravação anterior. Aquilo que parecia transformar-se num trunfo para a banda, acabou por dar início a um dos capítulos mais negros de uma carreira que está prestes a comemorar 27 anos... E, verdade seja dita, da história do underground no seu todo. Ainda após a primeira edição de 1000 cópias (o disco seria mais tarde reeditado através da Deathlike Silence), Manheim e Maniac saem, sendo substituídos, respectivamente, por Hellhammer (Jan Axel Von Blomberg) e Dead (o sueco Per Yngve Ohlin). “Deathcrush” é composto por (apenas) 8 temas, incluindo um cover de Venom e um “Outro” no final.
A voz, de cariz frio, cru, angustiante e depressivo, que viria a servir de influência a muitas bandas de Black Metal depois deste lançamento, fica dividida entre Maniac (na “Deathcrush”, “Chainsaw Gutsfuck”, “Witching Hour” e “Necrolust”) e Messiah (“Witching Hour” e “Pure Fucking Armageddon”). A primeira música “Silvester Anfang” é instrumental, sem guitarras eléctricas, é uma boa introdução ambiental. A famosa “Deathcrush”, é na minha opinião a melhor faixa, com uma introdução mais lenta e melódica, que rapidamente dá lugar a uma velocidade espectacular, com riffs muito bons e com uma bateria divinal, destaque também para as linhas do baixo que estão soberbas, já para não falar da voz tormentosa e fantástica de Maniac. “Chainsaw Gutsfuck” é outro tema arrepiante, com aquele som cru e frio característico dos Mayhem nesta altura. “Witching Hour” é um cover de Venom, uma das principais influências para os Mayhem, aqui com um som ainda mais arrepiante que o dos criadores. “(Weird) Manheim” é uma introdução majestosa e lindíssima, ideal para a abertura de qualquer concerto destes senhores. É a abertura da “Pure Fucking Armageddon” que ao contrário das músicas cantadas com Maniac (esta é com Messiah), a voz não é tão aguda mas sim sussurrada, destaque para bateria de Hellhammer e para os riffs de guitarra de Euronymous que estão brutais.
A 4 dias de ir ver uma das melhores e mais polémicas bandas do mundo, era obrigatório falar de “Deathcrush”, com um som único e com uma produção bastante razoável para aquela altura e para os meios que existiam, com letras e sentimentos bastante revolucionários, horríveis e negativos, “Deathcrush” continua a ser uma das maiores obras-primas do Black Metal, e uma grande fonte de inspiração para aquilo que se pratica nos dias de hoje. Old School Black Metal, sem qualquer tipo de mariquices!
Não há a menor dúvida para os apreciadores do Avassalador Gênero Black Metal, que Deathcrush é simplesmente uma Obra Prima, por seu conteúdo temático radical e pioneiro, o peso, ritmo, vigor e atmosfera sombria e gélida, típicas das mais Poderosas Bandas Black Metal da Noruega.
ResponderEliminarUm disco Impressionante sob todos os aspectos, superando em peso, cadência e velocidade todas as Bandas da época, sendo até hoje uma referência mais do que obrigatória para toda e qualquer Horda de Black Metal que se preze.
É um álbum que condensa a fúria, o espírito contestador e crítico, a crise interior, mórbida e sincera de seus músicos, o legado de um protexto fulminante e direto à hipocrisia existente na sociedade, chafurdada e deturpada pela moral cristã e pelas instituições sociais e políticas manipuladoras.
Deathcrush, e o Saldoso idealizador do Mayehm, Euronymous merecem para sempre nosso reconhecimento por todo o desabafo que fizeram, através desta pérola rara, dinâmica e vital para o despertar da consciência humana, dentro de um mundo que converteu-se em uma gigantesca máquina de consumo e produtora de alienação e insanidade, em todos os níveis possíveis.
Um Mundo que criou regras de conduta e metas alheias às próprias necessidades naturais da Humanidade; por isto mesmo ' Deathcrush ' é um dos Maiores legados artísticos de todos os tempos, feito por jovens rebeldes, ativos e beligerantes em seu brado pela liberdade de expressão, liberdade esta que, ainda nos dias de hoje, é tristemente ameaçada pelo totalitarismo imposto ostensivamente pelas religiões e pelas normas de conduta estereotipadas da sociedade de consumo.
Por isto a importância, a sabedoria, a honestidade direta e assustadora de ' Deathcrush ', para os jovens de ontem, os de hoje, e seguramente para os de amanhã.