Os Les Discrets são uma banda francesa de Post Rock/Shoegaze, e não, apesar das semelhanças, não são outra banda de Neige (Alcest), embora a relação entre os dois projectos seja muito próxima, a nível pessoal e profissional. Em 2009, inclusive, lançaram uma Split (primeira “aparição” dos Les Discrets). Este trio iniciou as actividades no ano de 2003 como um projecto criado pela mente de Fursy Teyssier (Amoseurs). Segundo ele, esta banda foi criada de forma a transportar os seus sentimentos e a sua arte (a pintura) para a música (repare-se no conceito e nos desenhos suaves que envolvem todo o álbum). Em 2009 assinam um contrato com a editora alemã Prophecy Productions para a edição de 5 álbuns de estúdio. No dia 29 de Março de 2010 (mesma data do lançamento de “Écailles De Lune” de Alcest) os Les Discrets lançam o primeiro longa-duração intitulado “Septembre Et Ses Dernières Pensées”, composto por 10 temas.
Os Les Discrets praticam um Post Rock com muitas influências de Shoegaze, diga-se desde já, com muita qualidade, com uma camada emotiva inexplicável, muito calmo mas com algumas partes mais pesadas como Alcest, mas sem nunca chegar a trechos pesados e agoniantes como Alcest, os Les Discrets não chegam a “cair no abismo” desesperante (partes violentas e pesadas), mantêm-se naquele nível suave e relaxante, criando por vezes atmosferas de natureza hipnótica. Do Pop ao Metal, passando pelo Progressive, de entre partes acústicas e/ou semi-acústicas espectaculares, guitarras eléctricas limpas, melodias fantásticas, guitarras distorcidas a juntar à belíssima voz (calma e suave) do multi-facetado Fursy Teyssier, damos de caras com uma maré de sentimentos e uma intensidade emocional inexplicável, uma obra de arte fascinante.
O álbum começa com uma introdução, “L'Envol Des Corbeaux”, que atrai o ouvinte de imediato, criando uma passagem imediata para o tema seguinte, “L'Échappée”, uma faixa com um instrumental simples mas com uma atmosfera forte e verdadeiramente única. A terceira faixa “Les Feuilles De L'Olivier” é a mais pesada de todos estes 43 minutos de magia, é nesta faixa que as tais referências ao Metal se debruçam, é um tema com uma bateria forte e uma guitarra espectacular, acompanhada claro, pela voz inconfundível de Teyssier, aqui, num panorama mais Shoegaze, realce especial para a parte acústica. “Song For Mountains” (que apareceu na Split com Alcest) é uma faixa bastante sentimental e profunda, com uma melodia calma e lindíssima, por vezes, com uma guitarra limpa de fundo espantosa.
Outra música que se destaca bastante pela positiva é a “Sur Les Quais”, com um instrumental acústico lindíssimo. “Septembre Et Ses Dernières Pensées” é dos melhores temas do álbum, com uma introdução falada por uma rapariga a juntar a um instrumental supérfluo e a uma voz única que nos faz sonhar, criando uma atmosfera relaxante, obscura e inexplicável, é um tema que peca apenas pela sua curta duração. “Chanson D'Automne” é outro grande tema, com um refrão fantástico, com a melodia da música a ser cantada de forma suave, destaque também para o solo de guitarra. O álbum devia acabar aqui, mas não! Ainda temos mais duas faixas, “Svipdagr & Freyja” e “Une Matinée D'Hiver”, que na minha opinião não se identificam com o resto do álbum, não têm aquela magia especial que caracteriza os Les Discrets (se calhar a primeira referida não é assim tão má), é como se se quebrasse o feitiço.
Este é mais um álbum viciante lançado em terras gaulesas, bastante sólido, com a característica especial de nos fazer sonhar e entrar em mundos desconhecidos criados pela mente de um génio chamado Fursy Teyssier. “Septembre Et Ses Dernières Pensées” foi sem dúvida um dos melhores álbuns de 2010.
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