terça-feira, 12 de julho de 2011

Morbid Angel - Illud Divinum Insanus

São a terceira mais bem sucedida banda de Death Metal norte-americana em termos de vendas - a última contagem apontava para as 445000 cópias, sendo que 127000 delas foram só do seu terceiro álbum - e a primeira a fazer o crossover para o mainstream, quando assinaram pela Giant Records em 1992 e o video clip de “God Of Emptiness” fez uma aparição num episódio da série “Beavis And Butt-head” e começou a rodar no Headbanger's Ball. O clássico “Covenant” é o disco mais vendido do seu género, ponto. O disco de estreia “Altars Of Madness”, por seu lado, foi votado pela revista britânica Terrorizer como o álbum mais essencial de sempre da história do Death Metal. “Blessed Are The Sick” chegou aos escaparates dois anos depois e mostrou o quarteto a adoptar uma postura menos selvagem, mas cada vez mais própria, que se revelou em pleno dois anos em 1993. “Covenant”, o primeiro (e único) disco de Death Metal editado por uma multinacional, mostrou que não estavam dispostos a suavizar a sua abordagem a nível lírico e aumentou consideravelmente os níveis de intensidade a nível musical.

O plano de conquista continuou com a edição de “Domination”, em 1995, o segundo álbum para a Giant Records nos Estados Unidos e mais um manifesto de independência. Seguiu-se uma extensa digressão, que deu origem a “Entangled In Chaos” (álbum ao vivo) e ao final de uma era para os Morbid Angel, sendo que David Vincent abandonaria pouco tempo após a sua edição. Sem perder muito tempo, em 1997 - e com um registo um pouco mais cru - “Formulas Fatal To The Flesh” apresentou David Tucker, o novo vocalista e baixista do grupo, aos fãs e “Gateways To Annihilation”, de 2000, deixou muito boa gente de queixo caído com a sua precisão cirúrgica. Em 2003 editaram “Heretic”, extremamente dominado por um Trey Azagthoth cada vez menos ortodoxo na sua abordagem à guitarra e à composição.

Já com David, e mais uma vez, cumprindo a tradicional ordem alfabética iniciada em “Altars Of Madness” os Morbid Angel lançam o oitavo álbum de estúdio (se não contarmos com o “Abominations Of Desolation”) intitulado “Illud Divinum Insanus”, um dos álbuns mais esperados da década e consequentemente um dos mais polémicos. Podemos dividir o álbum em duas partes bem distintas: aquelas músicas mais tradicionais e mais pesadas, de Death Metal puro (ou não) com uma abordagem um pouco diferente do normal, e aquelas mais alternativas, muito diferentes de tudo o que estes senhores fizeram até hoje e que me fazem lembrar certos temas de Korn e Marilyn Manson (por aí) com ritmos e samplers electrónicos a desviar para um Industrial e por vezes a roçar numa espécie de Techno, exemplo disso são “Destructos Vs. The Earth / Attack” e “Radikult”. Mas mesmo nesses temas os Morbid Angel conseguem manter aquilo que sempre os caracterizou: “Extreme Music For Extreme People”. Esta abordagem diferente de certos temas desiludiu muita gente mas a mim (de forma geral, não em todos os temas) agradou-me bastante, não estava à espera de um novo “Altars Of Madness” ou “Covenant”, mas também não estava a espera de tanto experimentalismo e cenas industriais.

O álbum começa com a introdução sinfónica “Omni Potens”, bastante boa até, e abre caminho para a “Too Extreme!”, uma das melhores faixas do álbum com umas “batidas” industriais bastante sublimes, destaque para aquela paragem com aquelas vozes “a cappella”, peca apenas por ser demasiado longa e a certa altura torna-se aborrecida. “Existo Vulgoré” é a faixa que se segue, se calhar é a que se aproxima mais daquilo que a banda tem feito ao longo dos anos, com uma voz poderosíssima e uma bateria bastante forte e complexa. “Blades For Baal” é um tema muito bom, típico de Morbid Angel, uma faixa rápida e pesada, realce especial para aquele solo de guitarra. A música que gostei menos foi a “I Am Morbid”, aquela parte inicial ao vivo não encaixa nada bem, achei-a bastante simples e básica, e um pouco “fora” do álbum. “10 More Dead” é um grande tema, (ao estilo do “Covenant”) muito viciante, e à semelhança de outras faixas do álbum, com um “solozão” de guitarra divinal!

“Destructos Vs. The Earth / Attack” é a faixa mais estranha do álbum, parece um remix, é lenta, e com umas vozes e uns samplers industriais a acompanhar um instrumental lento e pesado. “Nevermore” foi a primeiro Single do álbum, e diga-se desde já, que é uma das melhores malhas que os Morbid Angel fizeram até hoje, é ouvir para crer. É uma música mesmo brutal e pesada, ao estilo do “Altars Of Madness” mas com uma produção melhor e mais moderna. Os guturais de David estão mesmo de outro mundo. “Beauty Meets Beast” é um dos temas mais fortes do disco com uns riffs de guitarra espectaculares e claro, mais uma vez, a voz de David em grande. “Radikult” é a música mais radical e diferente de todo o álbum, uma espécie de Industrial/Techno e perguntamo-nos muitas vezes “onde é que estes gajos foram buscar isto? O que é que isto está aqui a fazer?” Aquele início “Kill a cop” é uma autêntica cópia da “Beautifull People” do Marilyn Manson, mas mesmo assim não acho que a música seja má de todo, apesar de saber perfeitamente que não ter nada a ver com Morbid Angel (mesmo nada). Por fim o álbum acaba com “Profundis - Mea Culpa”, com bons riffs (um pouco arrebatados) de guitarra, mas que não é assim nada de especial.

Tanto alarido e tanta polémica por causa de 4 ou 5 faixas que estão diferentes do habitual. Eu cá gostei do álbum, embora alguns temas não tenham muito a ver com Morbid Angel. É um disco com uma produção bastante forte, com grandes músicas, outras médias e umas 2 piorzinhas. É um álbum que peca bastante porque todos sabemos que a banda é capaz de fazer muito melhor que isto. Agora resta-me esperar pelo Vagos Open Air para ver como é que os deuses se saiem ao vivo!

1 comentário:

  1. Lá estaremos para ver, espero é que não toquem muitas músicas deste álbum. Umas músicas assim dos primeiros 4 álbuns e ficava contente.

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