sexta-feira, 20 de abril de 2012

Entrevista: Darkside Of Innocence

Acho que devíamos começar com aquilo que mais me intriga e a quem já ouviu falar da banda… Quem é Sophia?
É uma pergunta à qual a resposta ganha cada vez mais evidência e clareza na minha concepção. Sophia para além de ter uma definição mais ambígua que me permite vaguear, é especificamente uma entidade abstracta e transcendental, que agrega em si, um sistema de saber muito direccionado para a compaixão, compreensão e tolerância perante toda a vida que é senciente à dor e ao prazer. É um vírus que se alastra cada vez mais freneticamente na presciência colectiva da humanidade, à medida que os epistemas de facto e a tecnologia avançam, fazendo-nos atingir um entendimento e identificação perante todos aqueles capazes de experienciar o fenómeno da vida. Sophia é igualmente o carácter mobilizador e unificador presente em nós, que nos faz querer alcançar a singularidade.


Apelidam o vosso género de Gnostic Metal. Porquê?
O género gnóstico representa toda a filosofia inerente à concepção da doutrina de Sophia. Sendo que este projecto é uma reflexão dependente desta ideologia, parece-me pertinente dar-lhe uma identificação que faça jus à arte feita.


Ocorreram várias alterações no line-up e “Xenogenesis” apresenta uma sonoridade bastante diferente em relação ao álbum anterior. Já estavam a compor material diferente antes das saídas da banda ou foi devido às alterações que apostaram numa nova sonoridade?
De facto apresenta muitas diferenças e até agora, não me parece que vá haver estagnação ou confinação num género estrito. Sempre compusemos material diferente. As entradas e saídas, com certeza que influenciam bastante o rumo que damos à música, mas essas constantes alterações devem-se essencialmente à minha natureza de ser inconformista para com aquilo que me rodeia. Não me encontro em lado nenhum, sem ser nos sentimentos díspares. Agarro-me apenas àquele riff tenebroso, àquele acorde dissonante ou na melancolia de uma sequência melódica mais trágica sem pensar que sou feito daquilo e, talvez seja esse o motivo possível para tanta heterogeneidade. Não somos nada, mas podemos ser tudo.


Que outras consequências trouxeram as alterações? Sentiste nalgum momento que o projecto podia acabar?
Sim, mas o único pesar para mim, sempre fora imaginar a saída do André, antigo guitarrista/compositor e membro original, que veio a concretizar-se há quase um ano. No meio de tanta alteração, nunca me fez muita comichão fazer modificações de line-up para que os objectivos propostos fossem atingidos, porém com o André era bastante diferente. Digamos que a relação musical era tão forte e fluída, que eu pensei que jamais o projecto fizesse sentido sem ele. Temi que aquando da sua partida - por algum motivo - não haveria mais razão para continuar em frente. Todavia, o mundo avança e felizmente consegui adaptar-me e começar a desempenhar as funções que ele tinha no projecto - o que me valeu a salvação dos Darkside Of Innocence. Por conseguinte, existiram muitas consequências e em suma, foram quase todas positivas a meu ver. Evitei por exemplo o colapso e entrei numa era que penso ser de prosperidade.


Para além de terem mudado muito musicalmente, visualmente também se alteraram algumas coisas. Anteriormente apresentavam um visual mais negro e sombrio, em fotos, vídeos e promos. Agora é tudo mais simples, espiritual e pessoal. Iniciou-se um novo ciclo em Darkside Of Innocence?
De todo. É um novo ciclo e um renascer glorioso que nos confere maior maturidade, mais convicção sobre aquilo que somos sem nos desprendermos demasiado daquilo que os Darkside Of Innocence acabam por ser. É um fato confortável, renovador e bem mais moderno que nos inspira e faz respirar à vontade.


Os sons electrónicos foram outra grande aposta neste trabalho, porquê?
Não tanto como gostaria sinceramente. Esta novidade foi apenas a introdução a algo que é emergente à adaptação de Darkside Of Innocence no mundo artístico. Podes esperar por algo muito mais presente a esse nível futuramente.


Liricamente o que aborda o novo álbum?
É um álbum que conceptualmente faria alusão à transcendência do ser humano espiritualmente. Hipoteticamente seria a nossa chegada a um estado de singularidade e prosperidade social, em que todas as espécies são parte de um uniforme homogéneo através do contacto com Sophia. Mas, isto - ainda que seja a descrição da capa - seria se realmente o álbum seguisse esta linha conceptual. Não é totalmente o caso. No álbum temos o escrutínio de várias questões existenciais que quis analisar e expressar de uma forma um tanto ou quanto poética. Desde o niilismo puro e duro, às motivações do ser animal para sobreviver.  


Estão planeados concertos num futuro próximo?
Vão-se fazendo alguns planos a longo prazo, mas nada de muito concreto porque esta é uma fase delicada em que ainda é necessário retocar muitos pormenores essenciais de forma a que um bom espectáculo possa ser apresentado.


Porquê a Infektion Records a editar este trabalho? 
Ainda que não tenha procurado muito, foi de facto a única interessada em editar o trabalho e a oferta agradou-me bastante. Penso que pôs o projecto a andar um pouco numa fase muito instável da banda. Adoro trabalhar com o Joel e é possível que possas ver uma parceria muito mais ambiciosa entre os Darkside Of Innocence e a Infektion, futuramente, o terceiro álbum possivelmente.


“Infernum Liberus EST” chegou a obter edição física como se pode obter uma cópia?
Podes visitar e procurar no eBay, ou contactar a Grailight Productions para esse efeito.


Por último… Uma mensagem final.
Muito obrigado pela entrevista.

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