sábado, 12 de maio de 2012

Konad / Miss Cadaver - Mákinas & Cadáveres

Para provar que o formato de cassete não morreu temos mais um grande lançamento dos Miss Cadaver, desta vez partilhado com os Konad, banda de Punk cuja origem remonta a 1996 sob o nome Konad Moska, mas foi a partir de Fevereiro de 2007, já com a designação Konad, que a banda retomou os palcos e o estúdio, na bagagem contam com uma Demo de 2007 e com o EP “Terror TV” de 2009. Em relação aos Miss Cadaver, pelo menos por aqui, dispensam apresentações, voltam aos lançamentos depois do promissor e polémico “Morte Ao Fado”, agora, muito mais agressivos e rápidos. São 11 potentes descargas de extrema mutilação auditiva de Punk/Crust/Thrash/Crossover em português! O lançamento oficial é em Tape profissional com capa a cores, inlay com letras e celofanada numa edição limitada a 100 unidades. Para apreciadores de Doom, Ratos De Porão, The Exploited, Extreme Noise Terror, Napalm Death, Simbiose, Censurados, entre outros. A edição deste manifesto fica a cargo da Mountain Goat Productions.

Apesar de ambas as bandas já terem editado algumas coisas, há aqui muitas novidades. Em primeiro lugar, falar do “Lado Mákinas” dos Konad, que na verdade são 5 temas tirados do álbum de estreia da banda “Café Beirute”, lançado há bastante pouco tempo, 5 malhas de Hardcore/Punk/Thrash/Rock ‘n’ Roll, agressivo mas também muito melódico. É aquele Punk sujo e violento com melodias poderosas que prendem qualquer um a ouvir isto sem parar. A nível lírico é bastante mais complexo que Miss Cadaver, a nível musical é bastante diferente, se Miss Cadaver é Thrash Metal com atitude Punk, Konad é Punk/Hardcore com embebido nalgum Thrash. Todos os temas são bons, desde aquele riff inicial de “Mákina De Guerra” até à poderosa “Filhos Do Ódio”, passando por outras grandes malhas como “Mentekabra” ou “Porcos Malabaristas” com letras espectaculares que de forma bastante irónica descrevem aquilo que se passa no mundo.

Se a primeira Demo de Miss Cadaver estava agarrada a uma fórmula simples e directa e se “Morte Ao Fado” foi o culminar de um ano em estúdio com temas muito mais variados e originais, o “Lado Cadáveres” deste Split, é o culminar de anos de raiva e inconformismo com temas cada vez mais rápidos a agressivos. Destaque inicial para a faixa “Eles Fodem (Tudo!)” que na verdade é uma variação mais agressiva e directa da letra de Zeca Afonso “eles comem tudo” do tema “Os Vampiros” de 1963. À semelhança de temas liricamente bastante simples como “Rattvs Velhus” temos agora “NPMP”, com a poderosa letra “Nasce pobre, morre pobre!” agarrada a um instrumental monumental, e também “AT3X”, temas que inicialmente parecem bastante simples e directos mas que na verdade são muito mais elaborados do que aquilo que aparentam principalmente com este instrumental cada vez mais sujo e com riffalhadas mais velozes e complexas. Outro factor importantíssimo a referir é a bateria que está muito mais audível e na minha opinião com uma captação mais profissional e cuidada, onde são frequentes vários blast beats. Outro grande tema é “Lacrimogéneo”, o primeiro deste Split a ser revelado ao público, um tema contra a repressão policial que tem sido cada vez maior principalmente nestes dias difíceis. “Luta Sempre” é mais um tema e mais uma mensagem muito importante, para terminar nada melhor que a faixa “Lixo Total”, uma crítica directa e um pouco irónica aos meios de comunicação social.

Em relação aos Konad comprem o álbum “Café Beirute”, quanto aos Miss Cadaver está para vir o segundo longa-duração, mas parece que ainda vai demorar, até lá ouçam os 3 manifestos já lançados pela banda e lembrem-se que o propósito inicial deste projecto se tem concretizado, isto é, as palavras e mensagem têm chegado às pessoas. Prova igualmente que a música, enquanto arte, livre (ninguém deve ser privado de a ouvir), independentemente de formatos posteriores que possam ser adquiridos e que são, mais do que nunca, pequenos itens de colecção (o caso das Tapes), aliado a um espírito DIY, livre de imposições e estratégias, chega às pessoas que, em primeira instância, ouvem, independentemente de apagarem os ficheiros depois ou de adquirirem o material físico original. Interessa, acima de tudo, que oiçam e que não sejam indiferentes, goste-se ou não.

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