sábado, 29 de janeiro de 2011

Mayhem - De Mysteriis Dom Sathanas

Mayhem… Banda norueguesa de Black Metal formada em 1984 por Euronymous, são provavelmente, a banda mais controversa e polémica da década de 90, todos os apreciadores deste género sabem das histórias de igrejas incendiadas, profanação de cemitérios, suicídios, homicídios e declarações e entrevistas polémicas… Podia estar aqui só a falar do álbum, mas uma banda destas merece uma grande introdução. É considerada como uma das melhores e mais importantes bandas de Black Metal de todo o mundo. Depois de alguns concertos e do lançamento do EP “Deathcrush”, em 1988, Messiah e Maniac (primeiros vocalistas) abandonam a banda, logo em 1988, Per Yngve, mais conhecido pelo seu pseudónimo Dead, substitui os dois vocalistas. Segundo Hellhammer (único membro original ainda presente na banda), Dead foi o primeiro músico de Black Metal a usar corpse paint, até nos ensaios, por isso é que era conhecido como Dead (morto).

Dead era fanático por castelos, lendas e mitos, acreditava que a vida era só um sonho, durante os concertos usava um cadáver de um corvo no bolso para a essência da morte estar sempre presente, vestia roupas que tinha anteriormente enterrado, e que quando as vestia estavam cheias de germes e insectos. Em 1991, Dead comete o suicídio, ao cortar os pulsos e ao dar um tiro na cabeça, e (antes de morrer), ironicamente, escreve a letra da música Life Eternal (vida eterna) e deixa um bilhete a dizer “desculpem por todo este sangue”, e mais algumas informações onde ele desabafava que a sua alma pertencia aos bosques nórdicos, para onde ele queria ir depois da morte. Quando Euronymous o viu morto, correu para a cidade para comprar uma câmara, ao chegar, tirou fotos do cadáver, e uma delas é a capa de um álbum ao vivo de Mayhem intitulado “Dawn Of The Black Hearts”.

Depois do suicídio de Dead, começam as gravações do “De Mysteriis Dom Sathanas”, entra um novo vocalista: Attila Cshiar… Estavam prestes a lançar o álbum, em 1993, quando Euronymous foi assassinado por Varg Vikernes (Burzum) à facada, o corpo de Euronymous foi encontrado fora do apartamento onde vivia com 23 facadas no corpo, poucos dias depois Varg entregou-se às autoridades alegando que se defendeu de Euronymous, caso contrário teria morrido ele, Varg foi condenado a 21 anos de prisão, também pela acusação de incendiar algumas igrejas. O baixo do “De Mysteriis Dom Sathanas” foi gravado por Varg, os pais de Euronymous solicitaram que o álbum não tivesse o baixo gravado por Varg, contudo, Hellhammer apenas baixou o som do baixou nas masterizações finais do álbum. “De Mysteriis Dom Sathanas” apresenta-nos as últimas letras escritas por Dead e compostas por Euronymous. Só por curiosidade, é o único álbum da História em que a vítima e o assassino tocam juntos.

“De Mysteriis Dom Sathanas” é um álbum absolutamente único, com um ambiente e sonoridade excepcionais. É um som que cria atmosferas frias, gélidas e escuras, um ambiente muito negro, com um som cru e sujo, que por vezes dá origem a partes super assustadoras e arrepiantes. Diga-se desde já que para aquela altura e com os meios que existiam, este trabalho tem uma qualidade extraordinária. A guitarra de Euronymous é um elemento fundamental em todo o álbum, apesar de ele não ser um génio na guitarra, consegue criar sons únicos, riffs cortantes e sombrios, cheios de técnica, uma guitarra altamente destrutiva e avassaladora. Os “blast beats” variados e a alta velocidade do baterista Hellhammer são brutais, um aspecto fenomenal neste álbum, destaque principalmente para a música “Funeral Fog”, que me possui totalmente. Não quero sequer imaginar o que seria este álbum com os vocais de Dead, arrepio-me de cada vez que ouço o “Live In Leipzig”, e a qualidade desse não é a melhor… Posso afirmar que gosto muito da voz de Attila, é um elemento fundamental na atmosfera negra e obscura do álbum, muitas vezes sussurrada e fantasmagórica, ou em gutural, que por vezes se torna muito arrepiante. Para contrastar, por vezes ouvimos uns guturais muito violentos. Os pontos negativos do álbum são duas músicas que na minha opinião estão menos conseguidas, são elas: “From The Dark Past” e “Cursed In Eternity”, e claro, o som do baixo, que pelas razões citadas acima não se ouve tanto como se deveria ouvir, acho que o álbum perde um pouco por causa disso, com excepção da Life Eternal”, com umas linhas de baixo divinais. Destaque para os grandes hinos que a banda fez aqui no álbum: a gloriosa Freezing Moon”, a melódica Pagan Fears”, a agressiva e rápida Buried By Time And Dust” e claro, De Mysteriis Dom Sathanas”.

“De Mysteriis Dom Sathanas” é amplamente aclamado como uma das obras primas do Black Metal a nível mundial, a sua estética sombria, assim como as letras têm sido frequentemente fontes de inspiração para grandes bandas de Black Metal. Uma obra absolutamente recomendada duma banda que marcou a história da música extrema internacional.

1 comentário:

  1. Vi à pouco tempo um documentário sobre black metal "until the light takes us".
    Não gostei do filme porque está incrivelmente aborrecido, ao ponto de ponderar seriamente desistir a meio. Nesse filme, muitas das coisas que te referes aparecem lá relatadas, inclusivé uma entrevista na prisão com o Varg. O documentário infelizmente centra-se mais nas práticas e filosofias do black metal, do que na música em si.

    Recomendo no entanto "A Headbanger's Journey", que és capaz de conhecer, um documentário que fala sobre as origens do metal em geral, e que está muito bom.

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