sexta-feira, 27 de maio de 2011

Entrevista: Insaniae

Os Insaniae formaram-se em 2003 mas alguns membros vieram de um projecto anterior (que acabou), conta-nos um pouco dessa mudança.
O projecto anterior chamava-se Dogma e existia desde 1996. Em 2003, Dogma esgotou o seu curso natural em termos musicais e decidimos avançar para outro projecto diferente. Eu, o Luís, a Isabel e o Raul estávamos todos em Dogma há vários anos, sendo que em Insaniae eu assumi a segunda guitarra.


Nota-se uma evolução de “Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo Da Eternidade” para o mais recente “Imperfeições Da Mão Humana”. Quais foram as diferenças entre o processo de composição, gravação e produção de cada um?
O processo de composição foi idêntico - tudo parte duma ideia ou projecto de uma música que depois é trabalhada nos ensaios por todos. A gravação e produção foram novamente feitas com o Fernando Matias nos Urban Insect Studios (agora Pentagon). O “Imperfeições Da Mão Humana” demorou mais tempo a ser concebido e como resultado tem mais pormenores e pequenas nuances do que o anterior e a esses factores podemos também aliar a experiência que ganhámos enquanto banda no período entre estes dois álbuns. O material de que o Fernando dispôs era naturalmente melhor e isso foi obviamente uma mais-valia que influenciou o resultado final.


A ARX Productions é uma editora um pouco conservadora em relação às bandas que “escolhe”, como surgiu esse contacto?
Não sei se se pode considerar conservadora. É uma editora pequena da Ucrânia que está a dar os primeiros passos. O contacto surgiu deles e, como estávamos à procura de editora, decidimos aceitar o convite para lançar o álbum.


O contrato vai durar quanto tempo?
Para já, apenas temos programado a reedição do primeiro álbum com a adição de uma faixa bónus. Em relação ao futuro, ainda estamos a negociar com eles. Pode ser que o próximo álbum saia através da ARX ou pode ser que não! Todas as possibilidades estão em aberto.


O álbum esgotou recentemente. Houve mais público estrangeiro a obter um exemplar ou português?
Houve mais vendas no estrangeiro do que em Portugal e vemos isso sem qualquer surpresa. O mercado português de Metal e especialmente o mercado das bandas de Doom é bastante mais reduzido do que no exterior.


Têm recebido críticas vindas de um pouco de todo o mundo, achas que o facto da editora ser da Ucrânia vos favoreceu?
Acho que a ARX fez um bom trabalho, dentro das suas possibilidades. Também eles estão a começar e acho que estão no bom caminho. O facto de serem da Ucrânia foi útil para as vendas na Rússia e no leste da Europa. Fizeram também alguns acordos para distribuição no resto da Europa, incluindo em Portugal.


Os velhos tempos de Theatre Of Tragedy são os que as críticas se incidem mais como sendo a vossa principal influência. Na verdade, quais são as vossas influências?
Já não ouço ou leio nenhuma crítica a mencionar os Theatre Of Tragedy há muitos anos. Aliás o álbum “Velvet Darkness They Fear” foi editado há mais de 15 anos pelo que muita gente já não se lembra dele! A semelhança, julgo eu, baseia-se apenas na dualidade da voz feminina/voz masculina. Em termos musicais, a comparação não me parece muito acertada. As influências são, basicamente, tudo o que ouvimos e variam de pessoa para pessoa. Não gostamos particularmente de estar a enumerá-las, preferimos que ouçam e decidam por vós próprios. Dito isto, obviamente que Mourning Beloveth, My Dying Bride ou Candlemass podem ser consideradas referências. Assim como são muitas outras bandas que aparentemente podem não ter uma relação imediata com o que fazemos mas que no entanto a sua influência está lá.


Achas que o facto de cantarem em português vos desfavorece em relação a outras bandas portuguesas de Doom Metal?
Acho que faz parte do que nós somos, pelo que não vemos as coisas dessa forma. Não ponderamos se cantar em português, ou qualquer outro aspecto da nossa música, nos favorece ou não - fazemos o que queremos ouvir e o que gostamos. Estou certo de que para algumas pessoas é uma vantagem e para outras não o é. Nós nem pensamos nisso.


Porquê o título “Imperfeições Da Mão Humana”?
A “Mão Humana” é essencialmente uma referência à criação, seja ela artística ou não. É uma constatação da “Imperfeição” inerentemente humana da criação. Há, de resto, bastantes mais referências a este conceito nas letras do álbum.


Nota-se que os Insaniae dão poucos concertos. É uma opção vossa ou deve-se a outros factores?
Damos poucos concertos em relação a algumas bandas de outros estilos de Metal! A verdade é que condições ideais para tocarmos não aparecem todos os dias e vamos tocando naqueles concertos que possam ser interessantes para o que estamos a fazer. Recentemente tocámos com Ava Inferi, Process Of Guilt, Mourning Lenore, Löbo, Hyubris, Enchantya, etc. Tendo em conta o panorama nacional acaba por não ser tão pouco como isso, se bem que desejaríamos tocar muito mais como é óbvio.


Recentemente tocaram duas músicas em inglês, como vai ser no próximo álbum? Só português, só inglês ou uma mistura?
Provavelmente uma mistura. Ainda não está nada definido, até porque ainda não está 100% acabado. Vamos ver em que caminho é que nos levam os temas.


Como Insaniae já têm 8 anos de carreira, que balanço é que fazes até aos dias de hoje?
Obviamente que o balanço é muito positivo. Temos vindo a trabalhar bastante e temos seguido o nosso caminho. Partilhámos o palco com grandes nomes da cena Doom nacional e esforçámo-nos por levar esta sonoridade sempre mais longe. Estamos com vontade de olhar para a frente e seguir outros caminhos menos percorridos.


Planos para o futuro?
Vamos agora gravar um tema inédito, para a reedição do primeiro álbum, a sair através da ARX até ao final do ano. De resto é acabar de compor o próximo álbum e começar a pensar em dar mais alguns concertos em sítios onde nunca tocámos.


Lá fora já se fala de uma cena de Doom Metal português, qual é a tua opinião? Achas que este “movimento” merece ir mais “longe”?
Acho que merece e vai chegar mais longe, tanto lá fora como cá dentro. Acho que temos excelentes bandas de Doom Português que não ficam a dever nada ao que se faz lá fora. A principal diferença é “apenas” a geografia. Acompanho e tenho orgulho destas bandas.


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