quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Miss Cadaver - Morte Ao Fado

Um ano e tal depois do primeiro lançamento, uma Demo, os Miss Cadaver voltam a atacar com o primeiro longa-duração intitulado “Morte Ao Fado”, já bastante conhecido pela sua capa marcante e objectiva, com a cadavérica Amália na capa. Como a própria banda afirma, sem medos, sem tretas, “Morte Ao Fado” é apontar o dedo ao que vai mal neste país, neste cantinho de brandos e merdosos costumes onde cada vez mais nos enterramos à pala da corrupção tiranossaura, do uso da democracia como meio para enriquecer alguns sem o mínimo de respeito por quem quer que seja. Estamos a bater, se é que já não batemos no fundo. É triste mas é verdade! E vai chegar a todos! Este trabalho é um manifesto contra toda a podridão que grassa cada vez mais neste triste canto à beira-mar plantado! “Morte Ao Fado” significa o fim para o nosso negro destino e é uma homenagem a todos que, não tendo culpa, estão a sofrer as consequências destes políticos nojentos, bancários facínoras, Mass Media hipnotizados e comprados, patrões exploradores e tudo a aquilo que está a destruir a nossa integridade!

Dizer já, que houve uma grande evolução em todos os pontos em relação ao trabalho anterior: a nível instrumental e vocal o álbum é muito mais variado, a nível lírico há uma maior preocupação em fazer as letras maiores e como deve ser, em fazer as letras com uma composição maior… E agora os Miss Cadaver estão mais Punk, mais Death (nalguns temas) e menos Thrash, contrariamente à Demo de 2010. Influências de Censurados, Simbiose, Doom e Napalm Death. À semelhança desta última, o álbum começa com o tema “Amália”, muito curto, simples e directo, assim como em “Amén”. “Ca-mo-rra” é outra faixa bastante Napalm Death, dominada por uma voz grave e por um blast beat infernal. “Abismo” é uma das músicas mais bem conseguidas do álbum com um refrão marcante e sublime, num timbre mais Punk Rock: “Que fazer? / Que futuro? / Enquanto uns se enchem a valer / Outros trabalham no duro”. Outra música bastante veloz é “Jogo Sujo”, é rápida, agressiva e suja, sem mariquices, é Punk! “Vírus” é na minha opinião a melhor música do álbum, é absolutamente fantástica, todo os pormenores a nível instrumental e aquele refrão incrível conjugam-se numa sintonia espectacular. Numa onda mais Thrash temos a poderosa “Plasmagórico”.

“Rattvs Velhus” é um hino dedicado aos velhos caquécticos e avós da corrupção, que têm reformas robustas. É a música com a letra mais simples do álbum e é também uma das melhores faixas, rápida e dinâmica, dominada por uns riffs de guitarra infernais, um tema que se for tocado ao vivo, rapidamente se tornará hino da banda. Destaque para o tema “Justiça Azul” com a sua letra distinta e incisiva sobre a justiça no nosso país. “Mundo Finito” é mais uma faixa parecida com as faixas da Demo, mais a nível instrumental, já a voz é muito mais pujante e forte, com destaque para a parte do “Futuro? / Não há”. O registo termina com o tema “Acorda (Agora)”, mais uma faixa poderosa, marcada pelo peso das guitarras e por aquele riff minimalista a seguir ao refrão que faz uma diferença enorme na audição do tema.

A edição desta pérola ficou a cargo da A Noise Records e Fukk That! Records, saiu em formato de Cassete profissional limitado a 100 cópias, com capa a cores (frente e costas). Para além das 11 músicas do álbum e mais 4 da Demo homónima de 2010 e devido ao valor único de lançar algo em tape nos dias que correm, este lançamento (e só este!) conta com o tema bónus “Medo De Mudar”, uma cover/adaptção (muito boa) do tema “Phobia For Change” dos Doom. Estamos perante um dos melhores lançamentos do ano no que toca ao Punk nacional, apressem-se a comprar porque só saíram 100.

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