Três anos depois da edição do fantástico “Fake Dimension” aí estão eles de volta com mais uma descarga de violência e revolta… O novo álbum dos reis de Crust nacional dá-se pelo nome de “Economical Terrorism” e são nada mais, nada menos que 14 temas ainda mais rápidos e violentos que o registo anterior, mais uma vez masterizado pelo grande Ulf Bloomberg na Suécia. São 28 minutos a debitar crust sujo e agressivo, sem grandes variações. A gravação desta obra contra o capitalismo ficou a cargo do Paulo Vieira, no Toca Do Raposo Studios. É um registo que fica marcado pela saída de Hugo R. (ex-vocalista/fundador da banda) e pela entrada de um novo, André Matias (ex-Blacksunrise)… Numa visão mais pessoal penso que o álbum não se perdeu nada, claro que se estranha a ausência de Hugo mas o André não foge nada àquilo que tem caracterizado a banda nos últimos anos, de referir ainda que este contribuiu liricamente para temas como “Payback Time”, “Buried Alive” ou “Information Overload”.
O que é que se pode dizer? É Simbiose… Temas escritos alternadamente em português e inglês… Grande qualidade que põe muitas bandas extremas com máquinas de promoção impressionantes a um canto… Isto é Punk, Death Metal, Crust, um pouco de Thrash e Grind… Música caótica, rápida, pesada, com uma raiva impressionante e bons exemplos são logo as duas primeiras faixas, as mais extremas do álbum. Acima de tudo, Simbiose e especialmente este álbum, é um grande inconformismo com a actual crise político-económica e de valores, onde os verdadeiros terroristas estão no governo para apavorar cada vez mais as populações… Entre outros assuntos destacam-se a crítica social, o racismo e até alguma frustração pessoal.
Continuam as guitarras distorcidas, bons riffs e alguns solos… Dum lado (André) uns guturais mais Death do outro (Jonhie) uns mais Crust… Se o baixo já se ouvia bem no “Fake Dimension”, experimentem o tema “Drowning In Shit”, escrito e composto pelo próprio baixista (Bifes), uma das melhores músicas do álbum, bastante melódica. A rapidez da bateria é impressionante, do início ao fim é sempre sem parar! Na minha opinião os melhores temas do álbum são (como sempre) os cantados em português, sempre gostei de ouvir bandas extremas a cantar em português, torna tudo mais pessoal e directo, com um significado diferente. Faixas como “Reage À Tua Frustração” (escolhido para um vídeo), “Total Descontrolo” (com aquele início calminho) ou “Sociedade Perdida” são autênticas bandas sonoras para o caos que se vive actualmente em Portugal e no resto do mundo. Outro grande tema é “Massacre Em Utoya” não só pela música mas também pelo assunto bastante actual que este trata, o massacre de 76 pessoas em Utoya (Noruega) em Julho do ano passado por Anders Breivik… Uma música dedicada a todas as vítimas.
“Parados Humilhados Calados” é na minha opinião o melhor tema do álbum, pelas guitarras, pela melodia, bateria, voz… E sobretudo pelas palavras que este transmite, a forma violenta e brutal de como estas palavras chegam a nós, porque é um assunto bastante triste e revoltante, é mesmo preciso que estas ideias saiam cá para fora assim, o facto de tudo estar feito para não podermos reagir e de estarmos constantemente parados, humilhados e calados, de não reagirmos e permitirmos que haja roubos, drogas, corrupção, fome, racismo e degradação… É preciso sair à rua, reagir, despertar e lutar! Antes que me esqueça, ouçam também o grande solo da música. “Rise Again”, “Believe” e “Push It” são outros grandes temas que não fogem ao resto do álbum mas que também não trazem nada de especial. “Economical Terrorism” é o tema que fecha o disco, veloz, agressivo… Uma mensagem contra os terroristas económicos que não são presos e que se aproveitam de tudo e de todos para os seus interesses… Infelizmente o mundo em que vivemos não é assim tão bonito e agradável, basta abrir um pouco os olhos, só não vê quem quer, muitas vezes vemos a injustiça e seguimos em frente.
A edição deste magnífico álbum ficou a cargo da Rastilho Records (em CD) e da Criminal Attack Records do Brasil (em LP)… De destacar ainda a edição promocional feita pela LOUD! no mês de Maio, parece que o álbum chegou a mais gente que o normal… Na minha opinião este registo fica uns pontinhos abaixo do álbum anterior, acho que é demasiado directo e simples comparando com o “Fake Dimension”, fica também marcado pela ausência de convidados especiais nas músicas, o que dava sempre um toque especial ao álbum como foi o caso de “Evolution?” e “Fake Dimension”. Em resumo, é mais um grande disco para o Metal/Punk nacional e internacional, vamos ver como vão ser as recepções lá fora e se estes senhores vão fazer mais umas tournées por esse mundo fora.
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