Quando e porque é que se formaram os Serrabulho?
Paulo: os Serrabulho formaram-se em 2010, comigo na guitarra, com o Nogueira (ex-Encephalon), antigo baterista e com o Guerra na voz. Estivemos praticamente um ano fechados na sala de ensaios a criar as músicas. Eu já andava a pensar ter uma banda diferente das que tinha tido, o Nogueira tinha deixado a banda dele e juntámo-nos. O Guerra já tinha vindo a conversar comigo acerca de querer fazer algo que não respeitasse as normas e regras (risos) dentro do Metal extremo e nasceu Serrabulho.
Guerra: Sim este projecto foi criado com o seguinte pensamento, em primeiro lugar, criar “UMA BANDA”, não um ou dois patrões a mandarem os outros pupilos a fazerem o gosto aos chefes, como muitas vezes se passa no Metal nacional. Aqui todos os elementos sabem de tudo que se passa no nosso seio. E visto que no Metal dificilmente se vive da música, fizemos deste o nosso “passatempo”, pois temos vidas profissionais paralelas. Daí que tenhamos criado algo que realmente nos faz felizes e de que realmente gostamos e a humildade dentro da banda tem dado frutos, como se tem visto… A interacção com o público para nós também é muito importante. Falo de amizade e companheirimo, pois ninguém é mais do que ninguém por ter uma banda e somos amigos dos nossos amigos, que são os que realmente nos fazem “crescer”. E juntando o útil ao agradável, fazemos do nosso passatempo uma festa, pois há muito tempo para ter tristezas.
Que membros já passaram pela banda?
Guerra: Ui, praí uns mil!
Paulo: Membros mesmo: Nogueira (ex-Encephalon e Stuprum Dei). Convidados de sessão: Cédric (Gorgásmico Pornoblastoma), Leitão (Fuckness), Ricardo Machado (Lumen).
Sentem que esta é a vossa melhor formação?
Guerra: Sim sem dúvida. As entradas do grande Guilhermino Martins e do grande Ivan Saraiva foram sem dúvida as cerejas que faltavam em cima do bolo.
Paulo: Sem dúvida, neste momento estamos estabilizados, sentimos isso não só em palco, mas também fora dele.
Porquê escolher “serrabulho” e não “feijoada” ou “chanfana”?
Paulo: Por ser um nome mais apelativo e porque é característico na nossa zona.
Guerra: Primeiro, por sermos da serra e depois, um dos pratos típicos daqui é o Sarrabulho. Unimos, estilo “fusão” e saiu essa estranha palavra: Serrabulho!
De onde vem o nome “Ass Troubles”?
Guerra: Vem lá do fundinho mesmo, daquele buraquinho. Vem de encontro às letras que íamos escrevendo, baseadas em factos verídicos que nos iam relatando. Unimos tudo num buraco e pensamos (coisa rara!) que seria um nome adequado, pois ia acabar tudo por lá ir parar. Até que, com tanto problema, acabou por se transformar num “Atomic Fart” que parte a loiça toda.
E o artwork tipicamente português foi ideia de quem?
Paulo: À medida que o Guerra nos passou a ideia, fomos dando cada vez mais indicações e “ideias” para a Marta Peneda - designer do artwork do CD - ela deu-nos esta óptima prenda.
Como decorreu a gravação e produção do álbum?
Paulo: Muito bem! Senti-me mesmo à vontade para gravar todos os temas e as minhas partes vocais. Trabalhar com o Guilhermino é muito bom, porque além de produtor ele também é músico e entende perfeitamente o que é estar a gravar, seguir o metrónomo, falhar, repetir e ter sempre uma palavra de apoio nos momentos certos! Mas também estar à vontade para conversar e opinar sobre o som! Isso é muito importante, haver ligação entre banda (músico) e produtor.
Guerra: Correu de todo mesmo! Tudo a 100%. O único problema foram os gases dentro do estúdio.
Quais foram as bandas que mais vos inspiraram para fazer músicas tão nonsense?
Paulo e Guerra: Desde Gut, Rompeprop, Nirvana, Lividity, Gronibard, R.D.B., Dead Meat, Grog, Carnal Diafragma, The Offspring, Deicide, Prostitute Desfigurement, entre outras e alguma música tradicional portuguesa. E, claro, o grande Quim Barreiros!
Porque é que se mascaram em quase todos os concertos? Quase sempre de forma diferente… Têm assim tantos fatos de carnaval guardados? Qual foi a vossa melhor máscara?
Paulo: Porque é uma festa quando tocamos. A ideia passa por serem sempre roupas diferentes. Caso contrário, aquela surpresa que criamos antes de chegar ao palco já não teria o mesmo gosto para o público. Para mim, as melhores foram Power Ranger, Fred Flinstone, pac-man e fantasmas, Escuteiros, M&M’s (Lacasitos, em Espanha). Mas todas elas têm sempre a sua alegria contagiante.
Guerra: A nossa sorte é termos o patrocínio de uma alfaiate, senão não ganhávamos para a roupa!
O álbum tem sido distribuido lá fora graças ao excelente trabalho (já habitual) da Vomit Your Shirt, como têm sido as reacções ao mesmo?
Paulo: Sim a Vomit fez um excelente trabalho, assegurou uma óptima distribuição com duas grandes editoras - a Sevared (USA) e a Rotten Roll Rex (Alemanha). As reacções estão comprovadas, com as cópias deste álbum quase a desaparecer, as boas críticas que temos recebido - não só portuguesas, mas também estrangeiras - e os concertos que demos e os que estão marcados.
Para uma banda recente já actuaram bastantes vezes no estrangeiro como surgiram essas oportunidades? E como tem sido a recepção do público nos concertos?
Paulo: Nós temos trabalhado para ter, precisamente, essas oportunidades! Não basta só ter músicas ou um álbum e esperar que nos telefonem! É preciso procurar e furar neste nicho. Claro que já começámos a ser reconhecidos e os convites têm surgido, não só pelo interesse em nos terem no cartaz - pois Serrabulho (desculpem a modéstia) já arrasta público para os eventos -, mas o próprio público, que pretende Serrabulho nos eventos. A sua reacção é enorme e contagiante, grande parte do nosso trabalho é feito para e com o apoio deles!
Vêem-se a actuar um dia no Obscene Extreme? Já tiveram alguns contactos?
Paulo: Sim! Vejo Serrabulho no OEF, sem dúvida. Já tivemos bastantes respostas positivas sobre a nossa “possível” ida ao OEF, quer por portugueses, e até na própria República Checa, por bandas amigas e pessoal que nos conhece e adquiriu o CD. Contactos? O Curby de certeza que vai querer “Ass Troubles” no OEF! [risos]
Por último, querem acrescentar alguma coisa que achem pertinente?
Guerra: Sim! Lèche Moi Les Couilles! Queremos agradecer o todos os amigos e público que nos têm apoiado nos bons e maus momentos. Nos concertos, quando eu caio ao chão eles apanham-me e até tentam tirar-me os calções. Agradecer, igualmente, a todos os alfaiates e costureiras que nos ajudam e às pessoas que nos emprestam fatos. A todas as bandas que partilham o palco connosco. E peço também que, nos próximos concertos, o público vá cada vez “mais giro” para eu me benzer! E arranjem-nos bóias e bolas de praia. Afinal, vem aí o Verão!
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