Num CD de tributo a Cock And Ball Torture com mais de trinta bandas, “Bulldozers United”, dizia algo como “os Gut são foram o primeiro ícone do Pornogrind e os Cock And Ball Torture eram os pais do Bulldozing Goregrind” basicamente dizia que vocês criaram um novo estilo e que foram uma grande influência para um grande número de bandas. Sentem que deixaram um legado na cena do Goregrind?
Não queremos falar sobre este “legado”, nós tocamos apenas a música que gostamos. Existe alguém que gosta do nosso som e toca este estilo, isso é bom, mas não gostamos dessas palavras de “legado” ou o que quer que seja. Somos o mesmo que tu.
Dos concertos que já deram, quais foram os mais marcantes?
Não podes comparar maças com pêras. Este concerto aqui no Hellfest Open Air não tem comparação com os nossos concertos em clubs/bares sei lá, na República Checa. Foi muito bom tocar aqui, tivemos muita gente, mas o sentimento é o mais importante. A tour na Austrália foi fantástica, é tudo muito bom. Se tiver uma pessoa ou cinco mil isso não significa que por ter mais gente vá ser melhor...
Basicamente são os mesmo para vinte pessoas ou para duas mil.
Exacto. Somos os mesmos, tocamos o mesmo, temos a mesma energia. É isso que temos de fazer e queremos fazer caso contrário não viríamos aqui.
Já editaram três álbuns, o último foi de 2004 se não me engano, porque é que não lançaram mais nenhum em mais de dez anos?
Por diferentes razões. Em primeiro lugar houve um “lack off” de inspiração. “O que vamos fazer a seguir?” não queremos copiar, não queremos fazer o mesmo, depois não sabemos que direcção seguir, ser mais Old School como o primeiro álbum ou não... Temos de trabalhar (não vivemos da música) e torna-se difícil conjugar a música e o trabalho. Quando começámos tocávamos muito mais e ensaiávamos sempre duas vezes por semana mas nos últimos dez anos todos acabaram por ir estudar e trabalhar. Temos as nossas famílias em primeiro lugar e isto é apenas um passatempo e diversão, nada mais que isso. Temos algumas músicas novas mas não temos tempo para praticar mais ou escrever mais. Nos últimos oito anos não compusemos música nenhuma nova.
Portanto não estão a pensar em lançar um álbum novo...
Sim, pensamos em lançar um álbum novo mas acabam sempre por surgir os problemas do costume: tempo, tempo e tempo! Precisamos de tempo para ensaiar regularmente, o que é impossível. Vivemos separados. Deveríamos ter duas ou três semanas para gravar mas é impossível.
Vocês começaram por fazer um estilo bastante particular e diferente do normal na cena do Goregrind. Como surgiu essa ideia dos efeitos na voz e isso tudo?
Na verdade, começou tudo no estúdio. É tudo falado no estúdio, compomos música, vocais e depois vemos como fica, como soa, nunca sabemos como vai ficar. Não temos propriamente um produtor como algumas bandas têm a dizer “eu punha o som da guitarra assim ou assado” e dizem que são open-minded por causa disso, nós não somos assim... Mas no fim de tudo o importante é que seja bom, no estômago e nos testículos [risos], tem ser bom e soar bem.
Já estiveram em Portugal duas vezes o que pensam do país em geral e das bandas?
O que dizer... O que podes esperar dum país do sul da Europa? É quente! Já lá estivemos em concertos e de maneira geral as pessoas são bastante amigáveis e com mente aberta, é bom para beber cerveja e relaxar.
E bandas portuguesas?
Ouço muitas bandas mas normalmente nem sei o nome, ponho tudo no iPod e faço “random play” mas conheço por exemplo Holocausto Canibal, de resto consigo identificá-las pelo som e reconheço músicas mas depois não me lembro do nome. Para nós por exemplo é uma honra que os Holocausto Canibal tenham feito um cover nosso mesmo que gostemos ou não. Eu tenho a dizer que gosto sempre pelo facto de uma banda estar a tocar uma música nossa, é do tipo “wtf?”, nós somos apenas três gajos humildes dos Pré-Alpes Bávaros quem é que nos ouve por esse mundo fora e gosta de nós ao ponto de fazer um cover? É espectacular!
Pensam do tipo “eles estão a passar o tempo com algo nosso e a gravar música nossas”...
Porque é que fazem isso? [risos]
Vocês raramente dão concertos, no ano passado foi o Obscene Extreme este ano o Hellfest, têm algo na agenda para um futuro próximo?
Pelo menos o próximo concerto na Orange House em Feierwerk, Munique e é tudo por agora, nós não podemos dar mais. Temos tocado cada vez menos mas temos tido algumas propostas só que é difícil devido aos nossos trabalhos, horários, conjugar datas, etc. O que torna tudo difícil, eu diria mesmo impossível, ou seja, concentramos tudo e tocamos três ou quatro concertos por ano. Portanto essa é a resposta para o “são profissionais?” nós dizemos “não!”, caso contrário receberíamos muito dinheiro para tocar, o que não é verdade.
Receberam algumas propostas para tocar em Portugal?
Recentemente não, mas fomos contactos pelo pessoal do SWR Barroselas Metalfest uma vez. Nós não pedimos a ninguém para ir tocar a um local, esperamos apenas que nos contactem, vemos se o pessoal da banda ainda está vivo (normalmente está) e lá vamos nós, não andamos atrás de ninguém.
Qual o vosso rescaldo do concerto do Hellfest?
Em palco nunca ouvi um som tão bom, fui muito bom de se ouvir, não esperávamos que estivesse tão cheio, eram 11:30 da manhã já fazia calor e estava muita gente já a beber e ali para nos ver. A todos os nossos fãs “get us over as soon as possible”!
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