Os Grunt, outrora Fetal Incest, sempre tiveram um lugar muito particular no plano da música extrema em Portugal, por serem isso mesmo, distintos dos de mais! Ser apenas mais uma banda nunca foi com eles e não foi por acaso que destacaram desde o seu começo. Podemos ouvir muitas bandas a nível internacional que se aproximam da sonoridade dos Grunt (ou eles que se aproximam da dos de mais) mas mesmo assim têm particularidades que os tornam únicos. O primeiro álbum “Scrotal Recall”, editado em 2011, composto por volta de 2003-2005, com uma produção de excelência, foi um marco muito importante na cena do Grindcore em Portugal que lhes valeu um concerto fantástico no Obscene Extreme nesse mesmo ano e uma touneé pelo Reino Unido já em 2012.
A jornada foi muito longa para quem esperava o novo álbum e não tinha notícias até que chegamos a finais de Agosto de 2015 e editam “Codex Bizarre” outra vez a cargo da checa Bizarre Leprous Production, um álbum verdadeiramente monumental, assustador, provocador, muito pouco ortodoxo e com uma visão verdadeiramente inovadora e ousada desbravando novos caminhos musicais muito pouco explorados nos campos do Goregrind, cá e lá fora. “Codex Bizarre” distingue-se do álbum anterior por ser um registo muito mais completo e multifacetado, em termos musicais e líricos, com uma produção muito mais cuidada e profissional. A voz é muito mais perceptível e deverá ser essa a principal diferença que irão notar nas primeiras audições. Destacam-se os riffs insicivos de Death Metal puro (e não só!) bastante elaborados e facto do álbum ser muito variado onde se associam várias sonoridades de cariz mais electrónico como o Industrial ou o Trance, não é por acaso que o álbum conta com a participação do conceituado DJ The Speed Freak que completa o álbum no final com a faixa “The Speed Freak’s Sadistical Abuse Remix”.
O tema de abertura “The Sweet Smell Of Servitude” é fenomenal com uma parte arrepiante onde se ouve a fala de Nes Nomicon (convidada especial) “I dimish myself for a penal retribution / A misery feast of humiliating torture / I’m a sinner, a bad girl, punish me”. Segue-se “Teratoid Latex Feudalist”, basicamente a segunda parte do tema anterior, este, muito mais acelerado com o som do baixo bastante vincado com um solo de guitarra contagiante que se faz acompanhar mais uma vez da fala feminina com um texto ainda mais preverso e sedutor “I’m a slut, a whore, I am a dog with a disease / I’m your slave, your cunt, I am a cock-hungry fuck”. “The Edgeplay” é o tema seguinte, um dos mais directos e brutais de todo o álbum. “Vassalage Groteste” é o tema mais catchy de todo o álbum pelo seu refrão grotesco “Commit yourself to the abuse” com uma introdução nada comum nestes campos com uma flauta e por uma batida electrónica que se faz acompanhar com um solo de guitarra de fundo.
“Teased And Tormented” e “Becoming The Dominus” são os temas mais Grind ‘n’ Roll de todo álbum, segue-se depois o tema mais épico “Twilight Hybrid Bonanza - Shemale Part II” com a participação especial de Hellraiser (Vizir) com uma fala (em português) verdadeiramente assustadora depois da fala em alemão de outra convidada especial: Sarah Teichtert. “Levitra Powered Aged Predator”, “Helix Masterpiss” e “Supreme Rubbercore” são mais dois grandes temas, no primeiro destaca-se o solo de guitarra, no outro o groove e no terceiro o facto de ser um tema com um ritmo mais alucinante. “Funeral Sub-Mission Suite Part I” é um tema mais ambiental, electrónico, mas com um forte peso das guitarras que podia perfeitamente ser a introdução do álbum, já “Funeral Sub-Mission Suite Part II” é outro “in your face bitch”! “Panzer Enema” e “Sadopsychorama” são dois grandes temas para terminar o álbum com riffs demolidores. O final fica reservado claro para o remix já referido anteriormente.
“Codex Bizarre” é sem qualquer dúvida um dos álbuns mais inovadores da música extrema portuguesa dos últimos anos, consegue fugir à banalidade dum género cada vez mais saturado e repetitivo e está a dar que falar, por enquanto tivemos uma tournée muito bem sucedida pelos Estados Unidos e já no início de 2016 as mentes perversas dos Grunt regressam às terras de sua majestade para mostrar que não é só o Vinho do Porto que é bom e que os britânicos podem consumir produtos portugueses bem melhores!
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