domingo, 24 de outubro de 2010

Simbiose - Naked Mental Violence

Os Simbiose formaram-se em 1991, com uma formação muito diferente da dos dias hoje, até 2002 lançaram: uma Demo, 3 Splits e um EP. Em 2002, celebrando o décimo aniversário como banda, chega às lojas o primeiro grande trabalho destes senhores, intitulado “Naked Mental Violence”, que é na sua essência uma Compilação, os temas foram retirados das Splits, do EP e da Demo e foram regravados e editados especialmente para este lançamento. As regravações foram um grande acréscimo em relação às gravações anteriores, com este lançamento os Simbiose tornaram-se numa banda mais “real”, com mais qualidade  e mais brutalidade… Foi com este CD que os Simbiose se aproximaram daquilo que são em palco, uma banda cheia de energia, velocidade e violência.

Apesar dos anos que separam as músicas, a sonoridades entre elas é muito semelhante, é um Crust Punk sujo e duro, cheio de Thrash, Hardcore e Death à mistura. Liricamente todas as faixas são bastante originais, nunca vi nenhuma banda a fazer letras como estas (quer em português quer em inglês), em que domina a crítica social, cultural e política… Em relação ao artwork: é muito bom, com esqueletos e uma cor escura, representa muito bem aquilo que é este álbum: o lado negro da nossa sociedade, a violência, uma máquina de destruição sonora, de referir também que todas as músicas têm uma descrição acerca do “porquê?” da música.

É um álbum sólido do início ao fim, cheio de riffs, solos, melodias e duas vozes altamente destruidoras. Em relação às músicas que mais gosto são: “Fake World” uma excelente introdução sobre a hipocrisia e a falsidade das pessoas que nos rodeiam, “O Seu Lugar” é sobre os índios que viviam na América Do Norte e que foram “exterminados” pelos europeus, que resumindo, os índios são os verdadeiros americanos. “Naked Mental Violence” é das melhores músicas que os Simbiose fizeram até hoje, com uma letra espectacular e um poderoso instrumental, já para não falar da voz do Hugo que abusa bastante neste tema… A seguir vem a minha preferida deste álbum “Zoo (Não) Lógico”, com uma letra bastante importante: devemos respeitar todas as formas de vida, os jardins zoológicos não fazem sentido, servem apenas para as pessoas verem animais tristes numa jaula, os animais deviam ser livres... Vou deixar aqui uma parte da letra que apreciei bastante “Olha para os olhos deles / e diz me o que vês / dor, tristeza e solidão / passam a vida numa prisão”, o instrumental e a voz desta música são um abalo total, como um comboio que passa e destrói tudo, não esqueceer o grande solo! “Lavagem Cerebral” é uma música muito original, uma música simples e animada, com um instrumental simples e melódico, também esta, com uma letra muito realista “Tem cuidado com a publicidade / que passa na televisão / Querem ver-te consumir / até ao último tostão”. Este álbum tem excelentes músicas, não vale a pena falar de todas e descreve-las, a sonoridade é muito parecida em todos os temas, todos eles marcados por uma brutalidade incrível e inexplicável.

“Parem Com A Violência” é uma mensagem contra a violência nos concertos, os concertos são para nos divertirmos e não para nos magoarmos, “Against The White Man Race” é outra música extraordinária, “Torturado Pela Tradição” fala do sofrimento dos touros nas touradas apenas para a diversão do homem, “Portugal Em Chamas” fala sobre os incendiários que nunca são apanhados: “Um dia de destruição / arrasa anos de criação”, outra música que mexeu comigo foi a “Que Motivos Para Celebrar”, fala sobre a história de Portugal, sobre os descobrimentos, crises, colonização, escravatura e etc.

Este álbum é altamente aconselhável para fãs de Crust, Punk, Thrash, Death, Hardcore e também para curiosos que tem a mesma maneira de pensar que estes senhores. Ouçam isto do início ao fim que não se vão arrepender! Resumindo e concluindo, este álbum é obrigatório para qualquer fã de música extrema portuguesa, um álbum muito marcante no género!

1 comentário: