sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Entrevista: W.A.K.O.

Os W.A.K.O. contam já com quase 10 anos de carreira. De uma forma geral, qual é o balanço fazes do vosso percurso como banda?
O nosso percurso foi intenso, vívido e também insólito e complexo… Uma caminhada autêntica que tornou-nos naquilo que somos hoje, uma banda genuína e distinta com uma incessante vontade de trabalhar e fazer escoar e ressoar o nosso som por muitos mais anos.


O “Deconstructive Essence” foi um álbum de estreia muito bem recebido. Quais foram as principais diferenças na gravação e produção desse álbum para o mais recente?
Neste novo trabalho, todos os processos e mecanismos inerentes ao álbum formaram-se diferenciadamente do “Deconstructive Essence”. A captação e gravação foram novamente recriadas pelo Daniel Cardoso, mas o mix e a masterização foi da autoria do Josh Wilbur. Quanto à composição foi longa e muito experimental, na qual diversificamos em vários aspectos na hora da criação e respectiva resolução para fidedigno registo musical.


O primeiro álbum proporcionou-vos uma tournée pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, como foi essa experiência?
Foi deveras única e gratificante, algo que ficará cravado para todo o sempre em W.A.K.O. Tal aventura fez-nos amadurecer como pessoas e músicos, experimentando novos desafios, que suscitaram uma nova amplitude e percepção de diversas realidades que conjugam-se na evolução de uma banda. No Reino Unido foi soberbo, aquando em Bolton, tínhamos uma plateia cheia que tinha em sua posse o álbum para nós assinarmos e mais que surpreendente, já sabiam grande parte das letras. Estados Unidos foi mesmo “the highway”. A oportunidade de tocar em casas míticas, a visita guiada à fábrica da Dean Guitars, o contacto com o berço do Death Metal americano, o carinho e empatia das pessoas ainda hoje é uma constante inspiração para nós.


A mistura e a masterização do álbum ficaram a cargo do conceituado norte-americano Josh Wilbur que trabalhou com bandas como os Lamb Of God e Hatebreed, como surgiu o contacto com o produtor?
Foi sem dúvida uma escolha acertada. É um passo especial, se formos analisar bem as coisas, são barreiras que se quebram, é o reflexo que o trabalho iguala e conquista. O Josh é um nome de peso mundial… Queríamos que nosso novo disco tivesse uma maior referência e exposição. Apesar de tudo sabemos que há grandes níveis de produção no nosso país, mas era algo que tinha de ser feito, tal como tem de ser recriado, as tours internacionais, a luta constante por uma boa exposição internacional, a visibilidade e a procura ininterrupta por um maior reconhecimento e afirmação musical. Foi curioso o primeiro contacto com o Josh, na altura pensámos “e porque não?”, de imediato já estávamos assombrados com a possível burocracia e logística pelo facto de querermos trabalhar com ele. Mas quando ele ouviu o nosso som e entendeu nossa estrutura como banda, logo se identificou, motivou-se e tornou todo o processo evolutivo mais simples e entusiástico para ambas as partes.


Estão satisfeitos com o trabalho dele?
Muito mesmo... Seria com todo o orgulho e apreço que gostaríamos de voltar a trabalhar com ele.


Na minha opinião o novo álbum é mais complexo e experimental que o primeiro. Essa diferença surgiu de forma natural, pretendiam fazer algo diferente ou o facto de ocorrerem várias alterações na formação contribui para esse facto?
O intuito foi mesmo esse, construir um álbum mais peculiar, com ritmos intrincados, dissonâncias díspares, notas discordantes e um todo envolvente muito conceptual… Tivemos uma natural evolução, passámos muito como pessoas e músicos. No momento somos mais humanos, melhores músicos, com uma personalidade forte e vincada, somos sobretudo arquitectos do nosso próprio presente e futuro. Quanto à componente musical, enriquecemo-nos muito, somos mais empreendedores, consistentes como músicos. Os guitarristas tiveram uma maior instrução musical. Eu, por exemplo, frequentei aulas particulares e comecei a empenhar-me num instrumento. Por certo toda esta solidificação e amadurecimento de ideias resultaram num álbum mais ambicioso e complexamente rico.


O álbum tem 10 temas. Utilizaram todas as músicas que compuseram ou ainda houve material a ficar de fora?
Sim, utilizámos e aproveitámos todas as ideias genéricas da banda, somente deixamos uns riffs soltos por aplicar…
 

“The Road Of Awareness” é um título que marca bastante. Qual é a mensagem que pretendem transmitir com este trabalho?
A mensagem é livre para qualquer interpretação… O álbum reporta a viagem de um ser imaginário, um produto concebido pela nossa mente, elevando-se num estado onírico, permutando-se através de estados de sonho, edificando seu caminho por cada experiência abstracta que se envolve. Este tipo de “wanderer”, esta “personna” desdobra-se em vários “Eus” sofrendo metamorfoses mentais e mesmo físicas, almejando no seu horizonte um desapego total com a realidade física e procurando uma final coroação de sua existência, mas no final de contas todo esse caminho, esse fluxo de correntes de sonho, torna-se um infindável pesadelo, no qual o ser fica aprisionado em si, como numa cela dentro de uma cela inserida em outra cela...


Como é que tem sido a recepção do álbum por parte da imprensa?
Tem sido boa, acho que conseguimos captar a atenção da imprensa tanto para o bem como para o mal.


As vendas do álbum estão acima das expectativas?
Temos os pés bem assentes na terra. Sei que tem se vendido de forma regular, tanto a nível nacional e internacional.


Já estão a compor material para o próximo álbum?
Ainda não temos nada preconcebido, mas tenho uma inclinação sensível para o que aí vem em termos criativos, e garanto que será uma nova transformação sónica da banda.


Por fim gostaria que deixassem uma mensagem aos fãs.
Uma grande saudação aos seguidores de W.A.K.O. Estou ansioso por vos reencontrar neste “Lawless Pit” da vida.

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