segunda-feira, 18 de março de 2013

Holocausto Canibal - Gorefilia

Portadores do estandarte máximo do Grindcore/Goregrind nacional e com uma reputação invejável para muitos, os Holocausto Canibal ocupam um lugar de grande destaque no Goregrind a nível Europeu e até Mundial. Criadores de clássicos como “Sublime Massacre Corpóreo” ou “Opusgenitalia”, os Holocausto Canibal são a prova viva de que num país como o nosso e cantando em português é possível ter sucesso lá fora e isso vê-se não só, mas também nas presenças nos mais variados festivais de Grindcore/Death Metal da Europa e pelos fãs que têm espalhados pelo mundo, sucesso esse porque a banda se mexe, arrisca, investe e quer sempre fazer o melhor e num país como o nosso é preciso tudo isso e os Holocausto Canibal estão a receber “frutos” por tudo isso.

Goregrind com uma produção refrescante e inovadora (algo pouco comum em Portugal e também lá fora), álbum mais maturo, guturais cavernosos, alguns pig squeals e outras surpresas… Temas intensos e dinâmicos, pesados e rápidos. Sangue, vómito, violência, carne, mutilações, esperma, cadáveres… Eis “Gorefilia”, o terceiro álbum de estúdio da banda que se centra especificamente em parafilias, desvios comportamentais, etc. Um álbum de luxo que conta com vários convidados especiais: Max Tomé (Colosso), Fuse (Dealema), Miguel Newton (Mata-Ratos), Nocturnus Horrendus (Corpus Christii), Conde de Samodães e nalguns sonhos de guitarra o histórico ex-guitarrista da banda Nuno P. O álbum foi gravado em Portugal nos 213 Studios e produzido e masterizado na Suécia nos Heartz Studios e se há factor que distingue “Gorefilia” da restante discografia é a produção.

À semelhança de outros contemporâneos do Goregrind internacional os vocais sempre foram algo que se fluía com o instrumental de tal maneira que a voz funcionava como se fosse outro instrumento e um caso bem evidente disso é “Opusgenitalia”, algo que ficou ainda mais vincado que no álbum anterior, “Sublime Massacre Corpóreo”. Em “Gorefilia” o instrumental e a voz estão mais “distantes”, menos pig squeals, vocais mais Death Metal e o próprio álbum tem uma essência diferente, produção mais limpa mas negra e voraz, Death Metal de veia mais tradicional, um pouco mais Groove que os álbuns anteriores… Mantêm ainda algumas faixas mais simples e directas como foi sendo habitual na discografia como a poderosa e única “Lactofilia Destalhada” e rapidinha “Mutilada Em 10s”. Uma novidade são alguns temas mais falados e ambientais como “Vorarefilia - Antropofagia Auto Infligida II” ou “Fascínio Paradoxal”. Riffs frenéticos e vorazes, exemplos disso são faixas como “Colapso Clismafílico” e “Acrotomofilia Zoófila”. Depois há temas mais mexidos e melódicos como “Objetotilia Platónica”, um tema excelente, escolhido para o video clip da banda, sem dúvida um dos melhores temas do álbum. Temos também faixas muito rápidas como “Afogada Em Vómito”, outras mais lentas como “Putrescência Necromântica” e claro a alternativa “Gore & Gajas”. Todas as faixas são muito boas e faz todo o sentido ouvir o álbum de seguida com uma música só. Importante também é destacar o trabalho lírico bastante complexo e cuidado que foi sempre um dos pontos altos da banda, a cargo do já habitual Zé Pedro.

“Gorefilia” resume-se a um álbum espectacular, mais aberto e inovador, bastante agressivo e pesado mas com uma dimensão única que vai muito além do Death/Grind tradicional, é bastante transcendental e até sentimentalista, o horror e atmosfera aqui ouvidas/vividas são momentos únicos que os Holocausto Canibal nos proporcionam. Este álbum não é tão monótono como os anteriores, não cansa, dá vontade de ouvir vezes sem conta, são 40 minutos repugnantes do melhor Grindcore praticado em Portugal e até a nível internacional. O álbum tem tido uma grande projecção a nível internacional graças às 3 entidades responsáveis pela sua edição, a nível nacional a Raising Legends e a Raging Planet, e internacionalmente a grande Xtreem Music.

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